A importância dos procedimentos pré-exames na avaliação audiológica básica

Muito se estuda sobre a realização da avaliação audiológica básica, como realizar e interpretar os exames que a compõem. Porém, muito devido ao tempo reduzido para a realização dos exames, pouco se é falado sobre os procedimentos pré- realização da avaliação e o quanto eles são valiosos

O procedimento mais realizado, até por ser obrigatório, é a meatoscopia. A princípio a sua função é “apenas” observar se o meato acústico externo tem condições, ou seja, está livre para a realização do exame (lembrando que essa obrigatoriedade ocorre para qualquer exame auditivo). Mas, se realizarmos a meatoscopia com cuidado e atenção pode obter informações que nos auxiliarão muito no exame, como por exemplo saber que há um perfuração timpânica e com isso esperamos encontrar um componente condutivo ou observar a presença de tubo de ventilação o que impossibilita a realização da imitanciometria.

Logo após a realização da meatoscopia temos o procedimento que, quando não realizado, pode nos levar a um exame completamente incorreto: a pesquisa do colocamento do meato acústico externo. Importante lembrar que a pessoa que tem colabamento do meato acústico externo à colocação dos fones não possui uma alteração, mas sim uma variação anatômica, que é mais prevalente em crianças e idosos. A grande questão é que,se houver colabamento e a técnica para evitá-lo não for utilizada, a audiometria terá como resultado uma perda auditiva com componente condutivo que não é verdadeira.

É claro que o raciocínio clínico e a compatibilidade entre os exames podem nos ajudar nesses casos! Normalmente quando há colabamento e não se utiliza nenhuma técnica para evitá-lo há a clássica incompatibilidade presença de GAP e reflexos acústicos captados na mesma orelha. Nesses casos, a audiometria deve ser novamente realizada com a técnica correta empregada. Mas aqui já observamos como o raciocínio clínico também é importante durante toda a realização do nosso exame.

Deixo por último o último procedimento pois ele é o mais importante, muito negligenciado e pouco discutido na rotina clínica e não pode ser esquecido: a anamnese. E entenda-se por anamnese além da conversa e do entendimento da queixa a observação do comportamento auditivo e geral. É nesse momento que é possível hipotetizar qual o problema e também é onde podemos observar o nosso paciente para decidir como o exame será realizado (vai levantar a mão? vai responder com a cabeça? preciso orientar bem poiso paciente tem dificuldade?).

Conheço incontáveis casos em que nem se foi perguntado ao paciente o motivo do exame. Como é possível confiar em um exame que depende da resposta do paciente se você nem considerar olhar para o paciente? Você sempre realiza o exame e sabe como ele funciona, o paciente não e não tem a obrigação de saber.

Por fim, os procedimentos pré- exame não nos fornecem dados de como o paciente ouve, mas nos auxilia no raciocínio clínico para a realização do exame, evita que realizemos o exame de maneira errada e contribuem para a realização do diagnóstico auditivo correto.

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